Igualdade humana

17-11-2010 18:52

 No dia 20 de novembro comemora-se o Dia Nacional da União e Consciência Negra. Vejamos três contribuições sobre a importância desta celebração. Marcelo Barros, monge beneditino, escreve: “Zumbi, líder negro do Quilombo dos Palmares, assassinado no dia 20 de novembro de 1695, teve a cabeça exposta em um poste, numa praça de Recife, para que ninguém mais ousasse liderar um quilombo ou pretendesse ajudar os escravos a serem livres. Ao invés de pôr fim às lutas pela liberdade, a morte de Zumbi, ao contrário, suscitou da parte de muitos escravos a consciência de que não poderiam deixar que a morte desse grande líder fosse inútil.” “A memória do seu martírio tornou-se incentivo para que negros, índios e brancos se unissem em torno de um projeto de igualdade humana e de um Estado cujas raças e etnias pudessem ser cidadãs de pleno direito. Até hoje essa democracia racial plena não é um direito adquirido.”


Para o assessor da Pastoral Afro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Pe. Ari Antônio dos Reis, em artigo escrito na revista “Vida e Família”, intitulado “O mês da consciência negra e a diáspora dos afro-brasileiros”: “A celebração do dia da consciência negra contribui para que os afro-brasileiros que ainda correm o risco de negligenciar sua pertença étnico/cultural, possam compreender a positividade e a riqueza da sua cultura e expressá-la sem temor ou vergonha. Também sugere o protagonismo social, viabilizado pela exigência da inclusão cidadã de um grande contingente de negros que ainda vivem a amarga experiência da miséria e exclusão sociais. Este processo contribuirá para que as crianças e jovens negros possam conduzir suas vidas gostando de si mesmos e da sua história, tendo oportunidades concretas de aprofundar as suas aptidões nas diferentes dimensões do seu desenvolvimento enquanto pessoa.”

Ainda, “aliada a esses desafios está a oportunidade de celebrar a consciência negra na certeza de que a negritude é dom e graça de Deus. Então é a celebração da consciência de uma história sofrida, contudo não inibidora da alegria e do prazer de viver. O poeta canta: ‘viver é não ter a vergonha de ser feliz’; os negros dizem que esta vida é oportunidade de formar uma roda diferente onde reina a alegria e a fé da nossa gente”.

A terceira contribuição é de Ronilson Lopes, religioso pavoniano, que escreveu o artigo, intitulado: “20 de novembro, o arco da consciência negra”. O A. diz que “após uma longa caminhada, nos encontramos num cenário em que estão em pauta as problemáticas das discussões socioétnicas. Muitas lutas começam a ser concretizadas, o que tem ajudado o próprio povo negro a se assumir como o que realmente é, em sua singularidade, ou seja, como negros, porém, como sujeitos de direitos e deveres”. E acrescenta: “Das lutas referidas, pode-se destacar o ensino da História da África nas escolas e as ações que estão permitindo que jovens negros e pobres cheguem à faculdade”.

“A celebração de um dia da união e consciência negra nada tem a ver com exaltação racial ou com supremacia de uma cultura, menos ainda com revanchismo ou revolta. Ao contrário, é proposta pedagógica e litúrgica de diálogo e integração”, diz Marcelo Barros.               

Fonte: O Lutador